De mãos bem abertas

sob as árvores
com as costas eretas
professor e aluno praticam
os pássaros continuam suas atividades
assim como as formigas
o vento farfalha as folhagens
e um cão brinca no gramado logo adiante
do parquinho vem o vozerio da criançada
quem passeia pelas calçadas da praça
passa conversando sobre isso e aquilo,
assuntos do domingo
o professor ensina, o aluno aprende
a grama viceja, a manhã avança
não há nada a mais momento após momento
neste templo o zazen às vezes é interrompido
por uma criança curiosa ou uma tromba d’água
é que as paredes e o teto
são só o espaço vazio
o perfume do incenso se mistura
ao cheiro da terra molhada
e o toque do sino faz eco com o sabiá
não há nada além neste momento
tampouco algo incompleto
como exprimir isso em palavras?
professor e aluno praticam
de costas eretas sob as árvores
nada a ensinar, nada a aprender
quando termina o zazen,
recolhem-se as almofadas
nada para deixar, nada para levar.

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