Pão

zazen da manhã
onde larguei o caderno
que usava ontem à noite?

*
poemas da noite
vão com as chuvas da manhã
caderno molhado

*

a estrada desbarranca
os morcegos voltam à casa
logo é Carnaval

*

o ronco já avisa
que quase não é possível
cruzar o riacho

*

fósforos, farinha
hora de ir à cidade
analgésico, jornal

*

galochas esquecidas
vão se enchendo de água
garoa comprida

*

tarde da noite
a cachorra aparece
toda enlameada

*
a casa silencia
besouros batem na vidraça
zazen da noite

Um comentário:

Anônimo disse...

Haicais de um amigo
Palavras lapidadas
Saudades amainadas

Gasshô, Koun-san!

Richard Keishin