Virtude

Aqueles que vêm aqui pela primeira vez, logo proclamam: que belo lugar; que lindas montanhas; que riacho gracioso! Eu mesmo, nas primeiras vezes em que estive aqui, apreciava estar na montanha, à beira do riacho, entre as árvores da mata. E quanto voltava à cidade, sentia profunda melancolia de deixar tudo isso, sentia-me pobre, desamparado, abandonado. Agora que aqui vivo, vejo que não é nada disso. As pessoas que aqui vêm trazem com elas essas montanhas, esses vales, os riachos, essas matas. E o vazio diante dos seus olhos se preenche de infinita riqueza e de sua própria generosidade universal. Quando elas voltam à cidade, levam tudo isso com elas e devolvem ao espaço o vazio que é do espaço, o infinito do não preenchido, a exuberância da disponibilidade. A sala do tesouro tem porta, mas não tem paredes.

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